Segundo o presidente do sindicato, Daniel Borges Silva, a escolha das cenas fortes teve o intuito de chocar e alertar a sociedade e o poder público para os sete casos de vigilantes mortos em assaltos neste ano
O Sindicato dos Vigilantes do Estado do Ceará espalhou cerca de 10 outdoors em avenidas e rodovias de Fortaleza com imagens verídicas de trabalhadores da segurança privada mortos em meio a poças de sangue. Muitos motoristas que passaram pelo local não se sentiram a vontade com a publicidade, principalmente quem transita acompanhado de crianças.
Segundo o presidente do sindicato, Daniel Borges Silva, a escolha das cenas fortes teve o intuito de chocar e alertar a sociedade e o poder público para os sete casos de vigilantes mortos em assaltos neste ano. Ainda conforme o sindicato, as imagens estão em vias de grande fluxo, como a Avenida 13 de Maio, Avenida Bezerra de Menezes, Avenida da Universidade, CE-040, Avenida Padre Antônio Tomás, entre outros.
“Pedimos autorização a família. As imagens chocam, mas na verdade é para tentar ver se o poder público faz algo. Foram sete mortes durante este ano e, apenas, no caso do vigilante morto no Crato foi que os autores do crime foram presos. Quando um policial é morto no outro dia prendem, mas quando é um vigilante não existe a mesma atenção”, lamenta.
A funcionária pública Renata Coimbra, 29, passava pela Avenida 13 de Maio acompanhada do filho de quatro anos e do pai. Ela explica que em meio ao trânsito caótico sequer viu o outdoor, mas foi alertada pela criança. “Meu pai estava dirigindo e ele estava atrás comigo. Olhou para o outdoor e disse: olha mamãe, aqueles homens estão mortos, tem muito sangue, foi quando eu li e achei a coisa mais chocante e ridícula. Enquanto isso meu filho dizia: olha ali vovô, ele foi baleado é tanto sangue”, lamenta a mãe.
Renata diz que tentou desconversar e disse ao filho que o sangue se tratava de catchup, que se tratava de uma imagem falsa, mas o menino não se conformou e passou cerca de 10 minutos “impressionado” com o que acabara de ver. “O cearense já sabe o que acontece. Isso está na Internet direto. Quem nunca foi vítima de assalto? Eu e meu filho já fomos assaltados três vezes, de levarem o carro e só deixarem eu retirar ele do banco de trás. Já vivemos isso, não precisamos estar vendo mais. Já acordamos com desgraça. A televisão a gente pode mudar de canal, mas não posso pegar uma venda e colocar nos olhos dele no meio da rua esperando que isso vá acontecer”, lamenta.