A Bahia registrou cinco ataques a carros-fortes até anteontem – um aumento de 400% em relação ao mesmo período de 2017 e 2018, quando houve apenas um caso.
As cinco ações criminosas já se igualam à quantidade de registros até 11 de abril de 2018. O ataque mais recente foi nessa segunda-feira (11), quando seis pessoas ficaram feridas numa troca de tiros durante uma tentativa de assalto a um carro-forte em um supermercado no bairro do Cabula, em Salvador.
A polícia acredita que a maior fragilidade na segurança destes veículos, em comparação com as agências bancárias, tem atraído as quadrilhas especializadas.
Dos cinco ataques deste ano, quatro ocorreram em Salvador, sendo três tentativas de assalto e um consumado. A outra ocorrência foi em Juazeiro, na região Norte da Bahia, onde os bandidos explodiram um carro-forte no dia 31 de janeiro.
Até 1º de fevereiro deste ano, também foram registrados cinco ataques a agências bancárias no estado.
Crescimento
A alta de ataques em 2019 na Bahia preocupa. O estado foi o que mais sofreu com esse tipo de crime em 2018 no Brasil, segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores de Segurança Privada (Contrasp).
Dos 116 crimes contra carros-fortes do país, 18 foram na Bahia, o que equivale a 15,5%, aproximadamente. Os dados de 2018 apontam aumento de 80% em relação a 2017, quando 10 carros-fortes foram atacados no estado – no Brasil foram 109.
No país, os dados de 2018 da Contrasp apontam crescimento de 6,4% a mais que no mesmo período de 2017. “As quadrilhas cada vez mais aparelhadas promovem cenas de guerra nos ataques”, observou a Contrasp num comunicado.
Para a entidade, “tem que ser feito um trabalho de inteligência por parte da polícia para se antecipar aos ataques dessas quadrilhas” e “retirar de circulação essa grande quantidade de explosivos e armas, controlando melhor as fronteiras”.
Armas
Presidente da Contrasp, João Soares vê necessidade da troca de armamento para os vigilantes, que “possuem um armamento defasado e estão sendo cassados no exercício da profissão, vítimas do crime organizado”.
“Por isso, queremos a troca de armamento e extensão do porte de arma a esses trabalhadores. Esses profissionais precisam ter condições mínimas de trabalho”, afirmou João Soares.
Pelas normas da Polícia Federal, nos carros-fortes devem andar quatro vigilantes. A maioria deles usa pistolas e escopetas calibre 12, enquanto bandidos usam fuzis ponto 50 e metralhadoras.
Para o presidente da Associação Brasileira de Transporte de Valores (ABTV), Ruben Schechter, os bandidos têm optado mais por atacar os carros-fortes pela maior vulnerabilidade na segurança.
“Eles atacam nas estradas ou quando as equipes estão no desembarque, seja na porta da empresa ou do banco. Os criminosos ficam de tocaia, observam a movimentação dos carros-fortes e depois realizam o assalto”, declarou.
Ruben Schechter disse que vem tentando convencer os bancos e empresas a fazerem uma espécie de “doca” para os carros-fortes pararem no momento do abastecimento ou recolhimento de dinheiro.
Por enquanto, segundo ele, estão sendo feitas adaptações para conferir mais segurança aos vigilantes com relação aos crimes, “mas são pontuais e não modificam de forma profunda os ataques”. Ele não especificou as mudanças por serem sigilosas.
Prisões
Ao comentar o assunto, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia informou que, “em ações com a Polícia Federal, sete criminosos que atuam com ataques a carros-fortes foram presos e quatro mortos durante confrontos, em 2019”. Um dos mortos, nessa terça-feira, foi Elenilson Gonçalves dos Santos, 30 anos, o Caneludo. Ele possuía quatro mandados de prisão por roubos a banco e carro-forte, além de homicídio e tráfico de drogas. O confronto ocorreu no Parque das Bromélias.
“O trabalho conjunto resultou na desarticulação de duas quadrilhas especializadas nessa prática ilícita este ano”, afirma a SSP, segundo a qual “as ações de inteligência continuam sendo realizadas em buscas de outros autores”.
Ainda segundo a SSP, “todos os casos desta modalidade de crime ocorridos em 2018 foram elucidados com a prisão dos responsáveis”. A SSP não forneceu dados sobre crimes do tipo na Bahia.