Mãe e irmã de Kadu afirmam que estão recebendo ligações, vivem com medo e já pensam em se mudar de cidade
Vinte dias depois do assassinato do vigilante Kássio Enrique de Souza, 32 anos, o Kadu, além da dor da perda, a família da vítima se sente ameaçada. De acordo com a mãe e a irmã da vítima, policiais militares têm passado no local onde elas moram e, como se não bastasse, houve até telefonemas em tom intimidador.
Kadu foi morto em 23 de outubro no estacionamento da casa de shows Millenium, no Gama. O vigilante, que estava trabalhando em uma festa que acontecia no local, levou seis tiros disparados pelo cabo da PM Yuri Rafael Rodrigues da Silva Miranda. O militar é lotado no 19º Batalhão da Polícia Militar de Goiás (PMGO), que fica no Novo Gama, e não foi afastado da corporação.
A mãe de Kadu, Iberenice Ribeiro dos Santos, 49, também trabalhava na festa fazendo a revista feminina. Ela viu o filho morto caído no chão e entrou em desespero. Iberenice diz que, desde a tragédia, viaturas do 19º Batalhão passam na porta da casa da família no Jardim Ingá, em Luziânia. “Eles nunca tinham passado aqui na minha porta. Agora, ficam passando toda hora. Por que será?”, questiona.
Marcela Xavier, 28 anos, irmã do vigilante, vai além. Segundo ela, a família vem sendo ameaçada por telefone e até mesmo pessoalmente. “Eu mesma recebi telefonemas de um número privado dizendo que se a gente não ficasse quieto iríamos pagar. Até parar de dar entrevista eles mandaram”, declara.
“Um dia, a minha cunhada (viúva do vigilante) estava chegando em casa e tinha um homem na porta, para dar um recado. Ele disse que a gente estava se metendo em caixa de marimbondo e que íamos acabar sendo picadas”, completou Marcela.
“A gente já perdeu o Kadu e agora ainda tem que viver assim, sem saber o que vai acontecer? Vou dar é um jeito de ir embora mesmo. Não dá para viver assim, não”, desabafa Iberenice, a mãe da vítima.
As denúncias da família vêm à tona na semana em que a Polícia Federal deflagrou mais uma fase da Operação Sexto Mandamento, que investiga um grupo de extermínio envolvendo PMs que atuam no Entorno.
Segundo a assessoria de imprensa da PM de Goiás, o cabo Yuri Miranda está sendo investigado pela corporação. E vai continuar trabalhando até o fim das apurações. “Por isso, segue trabalhando no serviço administrativo e desempenhando suas funções”, esclarece. A assessoria diz que o militar não tem contato com a família do vigilante.
Na 14ª Delegacia de Polícia (Gama), onde o caso está sendo apurado, os depoimentos continuam ocorrendo. O laudo cadavérico ainda não ficou pronto, mas os investigadores confirmam que Kadu levou seis tiros. Tudo porque pediu o cabo da PM para tirar o carro estacionado irregularmente pelo militar.
Fonte: Metrópoles