A Justiça de São Paulo acolheu o pedido do Ministério Público e decretou a prisão preventiva dos PMs envolvidos na ocorrência que resultou na morte do vigilante Alex de Morais, de 39 anos, em Sapopemba, na Zona Leste de São Paulo. O crime ocorreu na madrugada de 11 de outubro, quando a vítima voltava para casa após sair do trabalho. Na ocasião, os PMs apresentaram a ocorrência como atropelamento ao invés de ferimento por arma de fogo.
Agora réus, eles são acusados por homicídio duplamente qualificado (por meio que resultou em perigo comum e mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima) e por fraude processual (já que tentaram esconder a causa da morte).
O boletim de ocorrência feito pelos PMs no 69º Distrito Policial (Teotônio Vilela) não mencionava o ferimento na cabeça da vítima. Inicialmente, o caso foi registrado como lesão corporal culposa (quando não há intenção) e fuga do local do acidente.
De acordo com a denúncia, formulada pelo promotor de Justiça Tomás Busnardo Ramadan, do 1º Tribunal do Júri da Capital, os dois PMs perseguiam uma motocicleta durante patrulhamento de rotina quando José Rogério, que dirigia o carro da PM, atirou contra a dupla que ocupava a moto. O tiro, porém, atingiu Alex de Morais na cabeça. Depois, o PM confessou que disparou o tiro acidentalmente.
Os PMs registraram a ocorrência como atropelamento, omitindo o disparo efetuado contra os ocupantes da moto durante a perseguição. A investigação, entretanto, desmentiu a versão apresentada pelos policiais e constatou que o tiro foi disparado de uma arma que não pertencia à Polícia Militar.
O caso ocorreu na Rua Edgar Pinto Cesar, por volta das 2h50 do dia 11 de outubro, após a vítima seguir em direção a sua casa depois de sair do trabalho em uma casa noturna na Zona Oeste da capital paulista. O vigilante tinha acabado de descer do ônibus e andava em direção a sua casa quando foi atingido.
A declaração de óbito diz que a vítima teve traumatismo crânioencefálico após ser atingida por um objeto perfurante contundente na cabeça. No entanto, os PMs contaram na delegacia que encontraram a vítima caída no chão e inconsciente após a passagem de uma motocicleta com dois homens em alta velocidade.
Vizinhos ouviram o barulho de um tiro sendo disparado. Testemunhas relataram ao G1 que os policias perseguiam a motocicleta quando dispararam um tiro que teria atingido acidentalmente o vigilante. Na sequência, um dos policiais desesperado teria declarado que “fez besteira”, de acordo com o relato da vizinhança.
A vítima foi encaminhada ao Hospital Santa Marcelina e morreu horas depois. A mãe da vítima, a aposentada Francelina Veiga de Morais, de 69 anos, contou ao G1 que o médico que atendeu seu filho no hospital disse que ele foi vítima de tiro na nuca e que não tinha nenhuma fratura no corpo ou sinal de atropelamento.
Fonte: http://g1.globo.com/