Wladimir Martinez foi enterrado em Ribeirão Preto (SP), no sábado (8). Após roubo, quadrilha interceptou comboio e 37 presos fugiram, segundo SSP.
O motorista de carro-forte Wladimir Martinez, de 49 anos, morto após ser baleado durante troca de tiros com assaltantes na sexta-feira (7), estava há 26 anos na profissão e pensava em parar de trabalhar por medo, segundo familiares. O corpo dele foi enterrado neste sábado (8), no Cemitério Bom Pastor, em Ribeirão Preto (SP).
A vítima morreu com um tiro na cabeça durante roubo ao carro-forte, na SP-338, em Mococa (SP). Outros dois vigilantes também ficaram feridos na troca de tiros com os suspeitos. Eles foram socorridos e levados para Santa Casa de Mococa e já receberam alta. Segundo a Polícia Militar, a quadrilha conseguiu levar R$ 1 milhão do carro-forte.
Minutos depois do roubo, os assaltantes interceptaram um comboio com 41 presos na Rodovia Abrão Assed (SP-333), em Cajuru (SP), e 37 presos fugiram. Um policial que escoltava o caminhão com os presos foi ferido.
Até a manhã do sábado (8), 21 presos foram recapturados, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP). O último foi achado nesta madrugada, próximo à Fazenda Avisco, na zona rural de Mococa.
Velório
Martinez era casado e tinha três filhas e uma neta e além dos familiares, o velório do motorista de carro-forte também contou com a presença de colegas de trabalho, inclusive dos outros dois vigilantes que se feriram durante o assalto, mas nenhum deles quis falar com a equipe de reportagem, por medo.
Segundo o sobrinho da vítima, Marcos Vinícius Leite, Martinez pensava em largar a profissão, em que estava há 26 anos. “Tinha medo de trabalhar, passou por um período em que queria largar o trabalho devido ao que acontecia no meio e a família pedia muito isso para ele”, afirmou.
De acordo com os familiares, o motorista aguardava a aposentadoria. “Acabou ficando mais por estar em busca da aposentadoria e já tinha entrado com a documentação, mas infelizmente não vai mais voltar pra casa”, disse Leite.
Uma das ocorrências que fizeram com que Martinez entrasse com pedido de aposentadoria foi registrada na região de São Carlos, há quase um mês. Quadrilha com fuzis tentaram assaltar três carros-fortes na Rodovia Antônio Machado Sant’Anna (SP-255), entre Guatapará e Rincão (SP). “Um amigo sobreviveu por um milagre”, comentou o sobrinho.
Quadrilha fortemente armada
De acordo com o advogado do Sindicato dos Trabalhadores de Carro-forte, Eduardo Augusto de Oliveira, a blindagem do carro-forte não foi suficiente para evitar a morte do motorista. “O armamento dos bandidos romperia qualquer tipo de blindagem à disposição no mercado”, afirmou.
O advogado considerou a morte como uma fatalidade. “Se depararam com bandidos fortemente armados, muito organizados, em um carro blindado, com escotilhas de disparo de uma arma extremamente poderosa, uma ponto 50”.
Crimes
O assalto ao carro-forte ocorreu na SP-338, entre Mococa e Cajuru. Os bandidos usaram três carros, entre eles uma Land Rover com o vidro blindado, adaptado para uso de armas como fuzis. Eles atiraram contra o veículo e mataram o motorista, Wladimir Martinez, de 49 anos.
Em seguida, os assaltantes usaram dinamite para explodir as portas do blindado. Outros dois vigilantes ficaram feridos. Segundo o tenente coronel, dos dois cofres do carro-forte, apenas um foi levado pela quadrilha.
Ao tentar a fuga, a quadrilha foi surpreendida por um comboio na Rodovia Abrão Assed (SP-333), que levava 41 presos até Serra Azul. Os policiais atiraram contra os veículos dos suspeitos e conseguiram parar a Land Rover.
Os assaltantes tomaram a caminhonete S-10 e o caminhão do Estado, onde estavam os presos, e fugiram. Dos 41 presos libertados, 37 aproveitaram para fugir e 4 permaneceram nos veículos.
‘Coincidência’
O diretor do Deinter-3, João Osinski Júnior, também descartou que os presos tenham sido alvo de um resgate programado.
“O que aconteceu foi uma grande coincidência. Esses presos estavam ainda sendo julgados, sendo levados para audiências, e presos que estão envolvidos com furtos, alguns com tráfico [de drogas], ou seja, que não representam alto grau de periculosidade. Nenhum que pudesse ser alvo de resgate. Que fique uma coisa bem clara: foi uma grande coincidência”, afirmou o delegado.
Segundo a Segurança Pública, as buscas pelos fugitivos seguem neste sábado com apoio de três helicópteros Águia, e a Polícia Civil faz diligências para localizar os suspeitos dos crimes. Uma equipe do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) assessora as investigações.