Primeiro, foi o posto Bancário do Banrisul no prédio da Secretaria da Segurança Pública (SSP), na Avenida Voluntários da Pátria, centro de Porto Alegre, em agosto passado, quando criminosos assaltaram a agência às 10h da manhã. No início desta semana, mais precisamente na madrugada da segunda-feira, o alvo de novo foi uma agência do Banrisul. Mas, desta vez, os criminosos usaram um maçarico para arrombar caixa eletrônico e fugirem sem serem identificados. O detalhe: essa agência na Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, Zona Norte da Capital, fica a 30 metros da entrada principal do 20º Batalhão da Brigada Militar.
A ousadia nessas duas ações tem uma causa comum e sinaliza para a desmoralização do discurso de crise do governo do Estado. Os criminosos parecem saber que há um processo de falência na segurança pública do Estado, em que cortar investimentos em segurança pública, como deixar viaturas sem gasolina, impedir horas extras e depositar R$ 600 na conta de policiais militares, significam “não vai dar nada”. A prova da impunidade nas ruas se reflete também no volume de ataques a bancos no Rio Grande do Sul nos dois primeiros meses de 2016.
Os dados do levantamento do SindBancários, com base nas notícias publicadas em jornais eletrônicos e a partir das informações dos bancários, indicam que reduzir o tamanho do Estado, cortando verba para a segurança pública, aumentou a violência bancária. Os dois primeiros meses de 2016 são os mais violentos da última década para os bancários. Janeiro e fevereiro deste ano, somados, registraram 47 ataques a bancos (veja tabela).
Esse volume é 27% superior aos ataques ocorridos nos dois primeiros meses de 2015, até então o recorde e 59% superior à média de ataques nos dois primeiros do ano desde 2007, que foi de 28 ataques. “Chegamos a um ponto em que não há mais o que fazer. Há muito medo nas ruas. Basta conversar com quem está em ponto de ônibus, caminhando pelo centro da cidade: as pessoas têm uma história pessoal de violência para contar ou alguma história que aconteceu com um familiar ou conhecido. O governo do Estado está desmoralizado e, nós, à mercê de criminosos cada vez mais violentos e mais impunes”, avaliou o presidente do SindBancários, Everton Gimenis.
No mesmo terreno do 20º Batalhão da Brigada Militar, funciona a unidade do Território da Paz Rubem Berta, o Conselho Tutelar, e o Vida Centro Humanístico, que é vinculado à Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social. Na ação, os criminosos usaram maçarico, arrombaram um dos caixas eletrônicos e fugiram. Não há informações da quantia levada. Câmeras de segurança do banco serão utilizadas para tentar a identificação dos responsáveis.
Para o presidente do SindBancários, Everton Gimenis, o medo dos colegas bancários tem extrapolado as agências. “O governo do Estado está fazendo uma aposta de alto risco. Está jogando com a vida de trabalhadores. Os bancários estão com medo. E não só porque estão expostos nas agências. Mas estão com medo de sair de casa e ir para o trabalho. O governo o Estado aposta na tragédia e está usando a vida dos bancários para bancar o seu jogo”, acrescentou Gimenis.
Fonte: SINDBANCÁRIOS – RIO GRANDE DO SUL – 02/03/16