Os moradores do São Bernardo, em Campinas (SP), reclamam da insegurança causada pela presença da Protege no bairro. Na segunda-feira (14), após o mega-assalto, eles bloquearam a entrada de carros-fortes para pedir a saída da companhia do local. No entanto, ela não é a única empresa de transporte de valores em área residencial no município. Três outros estabelecimentos, a Prosegur, a Blue Angels e a Brink’s, estão na mesma situação, por isso, a Prefeitura criou um grupo para estudar as regiões onde elas funcionam e a possibilidade de mudança.
O estudo tem 60 dias para ficar pronto e mesmo que ele aponte uma necessidade de retirar as empresas dos bairros, a Prefeitura não tem meios para obrigar a transferência. Por isso, ela precisa criar incentivos.
De acordo com o secretário de Urbanismo, Carlos Augusto Santoro, é preciso encontrar um caminho. “Podemos propor, por exemplo, dentro do Distrito Industrial um condomínio de indústrias, mas eu não posso obrigá-los irem pra lá, eu posso incentivar”, explica.
Decisão
As empresas foram procuradas pela EPTV, afiliada TV Globo, para comentar o grupo de estudos da administração municipal. A Prosegur informa que não foi notificada sobre a decisão da Prefeitura de Campinas e diz que está regulamentada para realizar suas atividades e que está dentro da lei de zoneamento do município.
A empresa Brink´s disse que não foi oficialmente informada sobre o grupo de estudos mencionado, e que está à disposição das autoridades. A assessoria da Protege informou que não vai se pronunciar.
Já a Blue Angels afirma que a empresa está instalada em uma área de empresas por se preocupar justamente com a questão da segurança.
Prisão
Nesta manhã de terça-feira (15), um homem de 27 anos foi preso por suspeita de ter participado do mega-assalto. Ele negou envolvimento e um familiar afirmou que o investigado dormia na hora do crime.
Os PMs encontraram 26 munições de fuzil 556 e a chave de um veículo na casa dele. A Polícia Civil ainda não confirma se este calibre foi usado no roubo, mas investiga se foi utilizado em algum momento.
Já a chave é de um veículo do mesmo modelo de um dos usados na ação, informaram os policiais. A prisão ocorreu no bairro Campos Elíseos. Ele foi levado para a 2ª Seccional de Campinas e responderá por porte ilegal de munição de uso restrito.
Armas
O especialista em segurança Vladimir Ribeiro analisou as imagens da ação na Protege e disse que o grupo tinha treinamento e acesso à informação. “É bem preparada, tem treinamento, tem informação privilegiada e tiveram uma boa estratégia para praticar esse roubo”, afirma.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse que o trabalho está sob o comando da DIG e do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Áudio
A EPTV, afiliada TV Globo, teve acesso a um áudio com uma conversa entre policiais militares durante a ação na Protege. No diálogo, é possível ouvir a orientação de um PM para os colegas dizendo para que eles não se aproximem dos criminosos.
O comando da PM disse que vai analisar o áudio antes de se manifestar sobre o assunto.
Ataque
O ataque a empresa de transporte de valores, que fica no bairro São Bernardo, em Campinas, levou pânico aos moradores vizinhos na madrugada de segunda-feira. Houve intensa troca de tiros na região da Protege. Parecia um cenário de guerra, segundo testemunhas.
Os ladrões fizeram muitos disparos, renderam os funcionários e explodiram várias salas até chegar ao cofre onde estava o dinheiro. Vizinhos quase foram atingidos. Depois de pegar os malotes, a quadrilha fugiu.
Antes da fuga, a quadrilha queimou dois caminhões em alças de acesso para a Rodovia Anhanguera (SP-330) para quem segue de Indaiatuba para Campinas. Segundo a polícia, a ação foi para impedir a perseguição.
Os ladrões teriam levado cerca de R$ 50 milhões da empresa, segundo estimativa não oficial obtida pela EPTV.
A empresa Protege informou, por meio de nota, que está cooperando com as investigações policiais.
Fotos obtidas com exclusividade mostram o cofre arrombado, a destruição dentro do prédio e malotes de dinheiro que ficaram espalhados pelo chão da empresa.
A sede da empresa teve a fachada praticamente destruída e o telhado foi danificado. A quadrilha usou dinamites e armas de grosso calibre na ação. Os vidros de uma empresa localizada em frente à Protege foram todos quebrados.
Fonte: G1