Dois réus acusados de participarem de um roubo à agência da Caixa Econômica em Itupeva (SP) em novembro de 2015 foram condenados pela Justiça Federal. A decisão, divulgada nesta quarta-feira (29) fixou as penas em 35 anos e 3 meses e 40 anos e 3 meses de reclusão no regime fechado, além de pagamento de multa.
Um dos presos condenados é Jefferson Euzébio de Souza. Ele foi atingido com um tiro na cabeça e ficou internado em estado grave no hospital São Vicente, em Jundiaí . Jefferson já havia sido preso em 2003, em Madrid, na Espanha, por tráfico Internacional e cumpriu pena de nove anos.
O outro é Luis Roberto de Souza. Na ficha criminal dele constam roubo, receptação e porte de arma. Eles responderão pelos crimes de associação criminosa, roubo qualificado, porte ilegal de arma e explosão, por utilizarem bombas ao tentar abrir o cofre do banco.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), os dois acusados integravam uma quadrilha que invadiu a agência . P elo menos oito criminosos invadiram a agência em plena luz do dia e imagens do circuito de segurança interno da agência bancária mostraram a chegada dos criminosos para o assalto.
Houve perseguição e troca de tiros com a polícia durante a fuga e dois assaltantes morreram. Os dois homens condenados na ação do MPF foram presos após ficarem feridos ao serem baleados durante a fuga. Um cliente também morreu no tiroteio e o fato continua sendo apurado na Justiça Estadual.
“Ação ousada”
A decisão do juízo da 1ª Vara Federal em Jundiaí (SP) aponta a “ousadia dos acusados, que praticaram os crimes em local e horário de intensa movimentação de pessoas, empregando violência e ameaça com arma de fogo contra os funcionários e clientes do banco, policiais militares, idosos e crianças que estavam no local”, além do uso de grande quantidade de munição e armas.
De acordo com a sentença, os réus não poderão recorrer em liberdade, pois as condições que motivaram a decretação e manutenção da prisão preventiva permanecem inalteradas. No vídeo, é possível ver cinco homens encapuzados descendo de dois carros carregando fuzis e metralhadoras.
Depois de estacionar de ré, o grupo entrou na agência. Os ladrões demoram alguns segundos até se aproximarem das portas giratórias e quebrarem a parede de vidro que dá acesso à agência bancária. É possível ver ainda um dos assaltantes puxando uma refém pelos cabelos. Eles usaram dinamite para tentar explodir o cofre do banco.
Um caminhoneiro contou que foi obrigado pelos criminosos a parar o veículo em frente da agência bancária para atrapalhar o acesso da polícia. Ele relata que os assaltantes chegaram no banco atirando para o teto. “Nesse meio tempo, eu desci do caminhão e com isso a polícia já chegou e começou o tiroteio”, relembra a vítima.
Perseguição policial
Os cinco criminosos não conseguiram explodir o cofre do banco, mas fugiram do local levando dois malotes e um cliente da agência bancária que foi usado como escudo humano. Minutos depois, o corpo de João Luiz Albino, de 49 anos, foi encontrado a um quilômetro do local do crime. Ele, que havia ido até o local para pagar uma conta, morreu com um tiro no peito. De acordo com a polícia, os criminosos saíram da agência bancária em dois carros, mas um terceiro veículo estava do lado de fora dando apoio à ação.
Na fuga, os quatro homens interceptaram um carro, trocaram de veículo e ainda levaram o motorista Mário Vicente de Morais como refém. “Veio um carro branco de frente, eu fiquei até assustado, porque eu ia bater. Nisso eles pararam de frente comigo e desceram do carro com arma na mão. Pediram o carro, que eu descesse. Eu desci e dei o carro. Só que eles exigiram que eu entrasse junto com eles”, disse Mário na época.
Quilômetros depois, o veículo foi cercado pela polícia e houve um novo tiroteio. Um dos criminosos morreu ainda no local e outros dois ficaram feridos. O refém foi libertado sem ferimentos. “Eu deitei o máximo que eu pude no banco, mas pensei que ia tomar um tiro na cabeça. Eu via os tiros passando por cima de mim. Eu nasci de novo”, desabafa.
Os dois homens mortos no confronto, segundo a polícia, são: Alexandre da Silva Santos e Fernando Topan Ferreira da Silva. Eles também têm uma extensa ficha criminal, com registro de crimes como roubo, receptação, associação criminosa e porte ilegal de arma.
Já o quarto criminoso que estava no carro fugiu a pé e se escondeu numa chácara da região. No local, ele fez um adolescente de 15 anos como refém e tentou escapar no carro da família do rapaz. A tia do refém, Mariza do Nascimento Leonel, conta que ficou assustada. “Pegou ele, colocou no carro como refém, já estava se preparando para sair quando a polícia chegou.”
O adolescente conseguiu escapar sem nenhum ferimento no meio de um novo tiroteio, que deixou um tenente da policial militar ferido na perna por causa dos estilhaços dos projeteis dos fuzis.
Ao todo, a polícia encontrou com os criminosos que foram interceptados quatro fuzis, três pistolas, várias munições, seis quilos de dinamites intactos e mais de R$ 32 mil reais em dinheiro referente ao roubo a agência bancária, além de um malote fechado.
FONTE: Jornal Floripa