Sorocaba e região
Cerca de 180 vigilantes que atuam nas agências da Previdência Social de Sorocaba e cidades da região ficaram de braços cruzados durante toda a manhã de ontem. A paralisação foi em protesto pelos frequentes atrasos nos pagamentos por parte da ESC Fonseccas Segurança Eireli, de São Paulo. Além do salário atrasado desde o dia 6 de fevereiro, os funcionários da empresa terceirizada denunciam o desconto em folha e não recolhimento da contribuição do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo o Sindicato dos Vigilantes de Sorocaba e Região, a empresa alega não ter recebido da Previdência. A gerência executiva do INSS esclareceu que a greve não afetou o atendimento e que pretendia repassar à empresa, ainda ontem, a verba referente aos serviços prestados, de forma a encerrar o protesto.
A vigilante Marinalva Santos trabalha na empresa há dois anos, tendo atuado nas duas agências do INSS de Sorocaba, Itavuvu e Centro. Ela conta que a terceirizada já chegou a atrasar até quinze dias o pagamento dos funcionários. “O pagamento deve cair no quinto dia útil, mas todo mês eles atrasam. Em janeiro recebemos dia 23”, reclama. A empresa também não fornece uniforme aos vigilantes, conta João Aparecido Ribeiro Alves. “Só dão a camiseta, mas a calça e o calçado a gente que compra.” Alguns materiais como cartão de ponto e exame médico periódico também são bancados pelos funcionários, denuncia. A retenção de certificados de cursos de reciclagens é outra irregularidade apontada. Há alguns meses os vigilantes afirmam ter descoberto que a ESC desconta e não repassa corretamente a contribuição do INSS.
“E se a gente ficar doente como fica?”, questiona Alves. O vigilante Rodnei Fernandes conta que a mesma empresa presta serviços de vigilância no posto da Defensoria Pública. “Já trabalhei lá e nunca atrasam o pagamento. Lá é tudo em dia e aqui é assim”, compara. Bartolomeu Manette, diretor do sindicato, afirma que até então a diretoria não sabia de outras irregularidades que não a do atraso dos salários e da contribuição do INSS não recolhida pela ESC. “Estamos sabendo agora dos cartões de ponto”, justificou. Sérgio Ricardo dos Santos, presidente do sindicato, contou que por conta de irregularidades o Ministério Público (MP) de São Paulo fez um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que foi assinado pela empresa. “Não estão cumprindo.”
A paralisação teve a adesão de profissionais que atuam nas agências de Sorocaba (dez vigilantes na unidade Centro e sete na Itavuvu), Votorantim, São Roque, Itu, Itapetininga, Itapeva, Salto, Porto Feliz, Tatuí, Piedade, Pilar do Sul, Capão Bonito e Itararé. Além do controle de acesso de segurados e funcionários, os vigilantes oferecem segurança aos profissionais durante as perícias médicas. A reportagem tentou contato com a ESC, por meio de dois números de telefones diferentes, da capital, mas não obteve êxito.
Por meio da assessoria de comunicação, a gerência executiva de Sorocaba informou que em relação ao não repasse de contribuições previdenciárias por parte da Fonseccas Segurança, “o INSS está apurando essa situação e tomará as medidas necessárias caso isso se confirme”.
Fonte: Cruzeiro do Sul