A comparação dos dados de roubo, furto e extravio de armas nas empresas de segurança privada com os ocorridos na Polícia Militar chamou a atenção dos deputados da Comissão Parlamentar de Inquéritos (CPI das Armas) na Alerj.
Pelos dados repassados pela Polícia Federal aos parlamentares, de 2011 até agosto de 2015 desapareceram das firmas de vigilância 854 armas e 5.952 projéteis.
Já a PM desconhece o paradeiro de 150 armas sumidas nos três últimos anos, além de 457 antes do período de 2011. Ou seja: a corporação investiga número menor de armas desaparecidas (607 peças) que as baixas nas empresas de segurança privada, em um espaço de tempo maior.
Só de janeiro a agosto deste ano, das firmas de vigilância sumiram 252 armas e 2.747 munições. “Os números causam perplexidade. Precisamos analisar os dados com mais profundidade, verificar com as empresas e também com a Polícia Federal”, afirmou a deputada Martha Rocha (PSD), vice-presidenta da CPI das Armas.
A Polícia Militar tem mais de 50 mil PMs e pelo menos 65 mil armas em seu arsenal. Segundo o Secretário Geral da Confederação dos Trabalhadores da Segurança Privada, Fernando Bandeira, no estado há 110 empresas privadas e 45 mil vigilantes. Apenas a metade trabalharia armada.
Bandeira sustenta que o alto número de armas e cartuchos desaparecidos pode ter a ver com roubos às empresas. “Há assaltos que têm relação com a vulnerabilidade na segurança. Não acredito que haja maus vigilantes responsáveis por esses dados”, disse.
A Comissão pediu à Polícia Federal o levantamento a partir de 2005. O delegado Alcyr dos Santos Vidal informou, porém, que a PF não tem disponível as estatísticas de 2010. Para fazer o mapeamento das armas das forças do estado e das empresas privadas, os deputados têm um longo caminho. A CPI tem prazo de 90 dias, prorrogável por mais 90. Estão previstos depoimentos de representantes da Secretaria de Administração Penitenciária, Polícia Civil, Bombeiros e firmas de vigilância. “Sem dúvida, com relação às empresas é preciso exame apurado”, afirmou a deputada Martha Rocha.
PM localiza parte de armamento
Da investigação de 2011 sobre o paradeiro de 457 armas, o Corregedor da PM, coronel Victor Yunes, informou ontem que já foram localizadas 215. Destas, 106 foram reintegradas ao patrimônio da corporação. Segundo ele, na relação há 76 armamentos que pertenciam aos policiais e outras 33 não serviam mais para o uso. Há apuração ainda sobre o paradeiro de 150 armas em relação aos últimos três anos.
“É preciso entender que muitas armas são roubadas dos policiais em serviço”, defendeu Yunes. O oficial explicou ainda que há indícios de que as 2.616 munições desaparecidas da 1ª Companhia Independente da PM, que funciona no Palácio Guanabara, sede do Governo estadual, não foram lançadas no livro de controle. Outras 17 pistolas também foram localizadas.
Em três anos, a PM contabilizou o roubo, extravio ou furto de 8.669 munições e pelo menos 150 armas. “Estamos apurando tudo com transparência para dar as respostas de maneira correta”, alegou Yunes. Quinta-feira, o chefe do Estado-Maior, coronel Lima Freire, será ouvido na CPI das Armas.
Registros feitos à mão nas unidades
A PM tem 120 Reservas Únicas de Materiais Bélicos (Rumbs) onde os policiais recebem as armas para o serviço. A entrega e a devolução são feitos em livros preenchidos à mão. O relatório de 27 páginas da Corregedoria da PM apurou desvios, roubos e extravios de armamentos em 77 unidades da corporação (entre batalhões, órgãos, UPPs e GCG), entre 2012 e 2015. Há ainda procedimento de 2011 que busca o paradeiro de 457.
Nos últimos três anos, três procedimentos foram abertos no Batalhão de Operações Especiais (Bope) para apurar o sumiço de três pistolas. No BPChoque, há 21 procedimentos sobre 14 pistolas, 14 carregadores e duas carabinas. No ano passado, bandidos invadiram a unidade e levaram 22 pistolas. Também há inquéritos em relação às UPPs do Turano, Mangueira, Cerro-Corá, Alemão, Parque Proletário, Caju, Borel e Barreira do Vasco/Tuiuti.
Fonte: Jornal O Dia Online