Chegamos ao 22º dia de fevereiro com um triste e tenebroso recorde desde 2007. Até a segunda-feira, o levantamento do SindBancários sobre violência bancária já registrou 42 ataques a bancos. Esse volume é 23,5% superior ao número de ataques a bancos registrados de 1º de janeiro a 22 de fevereiro do ano passado, quando ocorreram 34 em todo o Estado. Nos primeiros 53 dias de 2016, ocorreu um ataque a banco a cada 30 horas no Rio Grande do Sul. É também o maior volume de ataques a bancos da década para os dois primeiros meses do ano (confira tabela mais abaixo).
O dado é estarrecedor e revela aquilo que o SindBancários tem repetido desde 2015. A política do governo do Estado de cortes nas horas extras de policiais militares e policiais civis tem ajudado muito a criar um contexto que favorece a ação de quadrilhas. No ano passado, quando o governo do Estado depositou apenas R$ 600 na conta dos servidores públicos, incluindo policiais militares e civis, houve uma explosão de violência. Este ano, mesmo com a anunciada prisão de quadrilha especializada em ataques a bancos no interior do Estado, no início de fevereiro, o volume se manteve sob uma tendência de crescimento.
Policiais militares se aquartelaram em agosto e setembro. No mês de agosto de 2015, tivemos recorde absoluto no número de ataques a bancos em todo o Estado. Foram 34. Nesses dois meses de 2015, para proteger os bancários, o SindBancários e a Fetrafi-RS entraram com duas liminares na Justiça do Trabalho solicitando o fechamento de agências enquanto durasse o aquartelamento da Brigada por falta de policiamento ostensivo. A Justiça do Trabalho concedeu as liminares e sugeriu que o governo do Estado procurasse a Guarda Nacional, o que foi rejeitado.
“Os números do nosso levantamento refletem uma política equivocada. O governo do Estado faz do discurso de crise um argumento para justificar a redução do tamanho do Estado e vender empresas públicas. Deixar de investir em segurança expõe todos nós ao risco de violência. Os bancários estão preocupados com essa falta de sensibilidade do governo. Essa aposta no discurso de crise e a redução de investimentos são um desastre para nossa categoria, exposta ao medo e fragilizada e adoecida pelo medo”, avaliou o presidente em exercício do SindBancários, Luciano Fetzner.
Se formos comparar a média de ataques desde 2007 para os dois primeiros meses do ano até 22 de fevereiro, a violência é ainda mais estarrecedora. A média é de 26 ataques. Os 42 ataques a bancos dos primeiros 53 dias do ano (42) é 61,5% superior à média histórica desta década para o período recortado (veja gráfico abaixo).
Proposta de legislação
Desde que começou a realizar levantamentos de ataques a bancos a partir da publicação dos casos em jornais e sites noticiosos ou a partir do relato de bancários, o SindBancários mantém uma atitude propositiva para combater a violência bancária. Além de colaborar na estruturação da legislação específica sobre ataques a bancos em Porto Alegre (Lei das Câmaras, Lei dos Biombos, Lei da Porta-giratória), o SindBancários colabora com a construção de uma política ampliada. A ideia é que haja um a legislação estadual que incorpore todas as leis municipais e até mesmo uma lei nacional mais específica para não causar desequilíbrios.
Em dezembro do ano passado, o presidente do S
indBancários, Everton Gimenis, participou de audiência pública na Assembleia Legislativa para contribuir com a proposta do deputado estadual Tarcísio Zimmermann, de criar uma leia geral estadual de combate à violência bancária. “Todos os anos procuramos autoridades para propor que haja uma legislação estadual que obrigue os bancos a investirem em segurança. Nossa proposta é que haja uma lei estadual que inclua a obrigação de vidros blindados nas agências, de instalação de portas-giratórias, câmeras, de uma central de alarmes e biombos. E também um compromisso do poder público de fiscalizar”, explica Gimenis.
Segundo a defesa da legislação que o presidente do SindBancários faz, há intenção de ajudar a fazer frente aos sucessivos aumentos da criminalidade e dos ataques bancos registrados nos últimos anos. A ideia é regulamentar em todo o Estado e evitar vácuos legislativos em que municípios que não têm legislação específica ficam mais expostos a violência bancária em relação aos que têm legislação específica municipal como é o caso de Porto Alegre.
Fonte: SINDBANCÁRIOS – RIO GRANDE DO SUL – 22/02/16