A Polícia Federal prendeu nesta quinta Pedro Henrique Gonçalves de Vilhena, um dos donos da Embraforte, e até o fechamento desta edição dava seu pai, Marcos André Paes de Vilhena, e irmão, Marcos Felipe Gonçalves de Vilhena, como foragidos. A empresa de transporte de valores é alvo de vários processos por crimes cometidos contra bancos e lotéricas.
A investigação que culminou com os mandados de prisão aponta um desvio de R$ 13 milhões da Caixa Econômica Federal, feito através de fraudes no abastecimento de caixas eletrônicos, e também de R$ 8 milhões de desvios de malotes de lotéricas. Os golpes seriam aplicados pelo menos em Belo Horizonte e região e no Sul do Estado.
Pedro Henrique está detido em São Paulo, onde os mandados foram cumpridos. Os três suspeitos são irmão e sobrinhos da ex-secretária de Planejamento e Gestão de Minas, Renata Vilhena. O grupo esteve à fre
nte Embraforte de 2006 a 2014, quando fechou as portas. Nesse período, a empresa prestou serviço para a Caixa e era responsável por fazer o reabastecimento dos caixas eletrônicos, além de transportar os valores em dinheiro das lotéricas para serem depositados nas agências bancárias.
Entenda. A fraude era feita de duas maneiras. Na hora de reabastecer os terminais eletrônicos, os vigilantes da Embraforte saíam com a guia de controle trazendo um valor maior que o existente no pacote transportado. Quando abriam o malote para colocar o dinheiro no caixa, os vigilantes percebiam a divergência, porém eram coagidos a indicar no sistema bancário que o abastecimento estava sendo realizado com o valor devido.
A outra forma era com a apropriação do dinheiro das lotéricas. Eles recolhiam os valores, mas não faziam o depósito junto à Caixa.
Segundo a Polícia Federal, a Caixa suspeitou do esquema quando começou a perceber as diferenças, e a Embraforte não conseguiu explicar o paradeiro do dinheiro que faltava. O dinheiro, conforme a PF, era usado para pagar despesas da empresa, inclusive o salários dos funcionários.
“Éramos obrigados a fazer os depósitos com a quantia menor do que informávamos no caixa eletrônico. Depois do início das fraudes, o nosso pagamento começou a ser feito em dinheiro vivo. Fazíamos fila no quinto dia útil para receber o salário”, contou um ex-vigilante da Embraforte que pediu para não ser identificado.
A polícia ainda indiciou dois gerentes da empresa, assim como os três sócios, pelos crimes de estelionato e apropriação indébita. Eles podem pegar até 20 anos de prisão.
Além da fraude contra a Caixa, os donos das empresas também respondem a processo na Justiça de Minas, por fraude de R$ 22 milhões contra o Banco do Brasil.
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Vítima. Em setembro de 2010, R$ 45,8 milhões foram roubados da Embraforte, e o crime foi considerado o maior da história de MG. Funcionários levantaram a suspeita de que o roubo seria uma fraude dos donos da empresa, o que foi descartado pela polícia. Seis pessoas foram presas, e o dinheiro nunca foi achado.
Escravo. A Embraforte também responde processo por trabalho escravo, por submeter funcionários a jornadas exaustivas e em condições insalubres.
Advogados. A reportagem tentou contato com os advogados da Embraforte em São Paulo, sem sucesso.
FONTE:O TEMPO – MINAS GERAIS – 03/09/15